Açoriano Oriental
Sabores portugueses em restaurante português no Camboja
Dois jovens portugueses, de 34 e 35 anos, abriram sábado em Kampot, no Camboja, um restaurante português, um local que pretendem seja promotor da cultura lusófona e o cumprimento de um sonho de construir alguma coisa pessoal.
Sabores portugueses em restaurante português no Camboja

Autor: Lusa/AO Online

“A ideia em vir viver para o Camboja, surgiu em dezembro de 2013, quando terminei a minha ligação a uma grande empresa de restauração de Macau. Nessa altura fui falar com o Pedro Lima e explorar a hipótese em fazermos algo para nós nos países do sudeste asiático, uma vez que não estávamos satisfeitos com a nossa vida por Macau”, começou por contar, por email, Filipe Duarte.

Se o primeiro objetivo definido foi uma ‘guesthouse’ na Tailândia, rapidamente mudou para um restaurante no Camboja, que hoje abriu sob o nome de “Tertúlia” num espaço de uma cidade que aposta no turismo e nas visitas aos campos de pimenta, arroz e sal, três das principais indústrias da região.

Filipe Duarte e Pedro Lima conhecem-se de Macau e foram contratar o chefe Francisco Salema “com mais de 15 anos de experiência” na indústria hoteleira, uma aposta que não se fica apenas no campo do restaurante que abriram, mas que visa também ajudar a população local.

“Este projeto também tem como objetivo poder ajudar este país, que tem uma história recente de sofrimento, onde perdeu quase tudo a nível cultural. A nossa ajuda será dada através da formação e treino de pessoas locais, de maneira a que se sintam à vontade em qualquer cozinha ou sala e poderem fazer um trabalho excelência”, explicou ao salientar estarem a trabalhar para cooperar com a escola Don Bosco de Kep, que tem um curso profissional de hotelaria e cozinha, de dois anos.

Com uma carta de vinhos onde entram, necessariamente, os produtos nacionais, Filipe Duarte afasta, para já, a importação de cerveja portuguesa, embora não exclua a possibilidade no futuro.

“A nossa intensão e trabalharmos com produtos locais, no entanto há muitos produtos a importar, como o vinho, enchidos, bacalhau (até ao momento ninguém se disponibilizou para enviar o bacalhau e certificarem que chega em boas condições), e algumas especiarias”, sublinhou ao recordar que o Camboja é, ainda, um país onde existe pouca responsabilização empresarial e onde, por exemplo, comprar um eletrodoméstico é feito sem qualquer garantia do tempo mínimo de utilização sem avarias.

Abrir um restaurante português no Camboja não é, contudo, tarefa fácil, já que não só existe a dificuldade da importação de produtos, como também da língua, e fazer uma obra exige imaginação, muitos gestos e alguns risos que acabam por ser um meio efetivo para todos se fazerem entender.

Como um dos pólos do turismo do Camboja, Kampot tem vindo a desenvolver-se à base dos visitantes que, a partir de agora, podem provar, entre outros pratos, uma cataplana de marisco.

“Vamos trabalhar muito o peixe e marisco principalmente, mas também trabalharemos com carnes, como bochechas de porco, por exemplo”, contou.

O Kampot Tertúlia é fruto da aposta de dois jovens que quiseram “mudar de vida” e viram no Camboja um país que lhes permite concretizar um sonho.

“O Camboja é um país que tem estado a crescer constantemente a nível económico e é um país que nos dá todas as hipóteses para fixar residência e investir”, disse.

Filipe Duarte salientou ainda que o Tertúlia não pretende ser mais um espaço no turismo de Kampot, mas ser um local de assinatura onde a “comida é também arte”.

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